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03 janeiro 2011

Chagrin


Dormes debaixo do céu rebaixado
em cálices ansiados
de vinho tinto
Nem sempre amante
nem sempre amado.
Soluços demorados de perguntas.
Bonsoir
Saint Germain!
Tanto, tantos os olhos demorados
as perguntas as perguntas e os soluços.

Hoje misturei a diferença.
  
Na mistura
de todas as coisas imprevistas. 
Vírgulas interrogações e pontos finais. 
Monologuei entre esquinas e 
chovia.

Rien a déclarer?

Bebam todos às revoltas dos poemas.
Acreditem: la solitude. Pontuem as silabas e decidam as palavras!!!!!
Decidam as palavras. De uma vez por todas.

Acreditem na revolta. Remexam as texturas. Gritem as mentiras e cantem as verdades.



 

02 janeiro 2011

Café de saco, na esquina da Tranquilidade

Que contrasenso!!! Encontro na avenida dita da liberdade.
Amadrugou o dia em nevoeiro cerrado. Olho o céu, onde desaguam em linhas rectas os recortes dos edifícios. São só sombras aguadas. Pergunto-me quem os habita? Movem-se vultos cobertos por véus esbranquiçados. Quem os habita?
Cheguei, ainda noite, à procura de acordar na cidade, como se percorresse um deserto com um frio de 4ºC. E passo, devagarinho, em passos de quem nasceu recentemente.
Ainda dormem os "clochards" desta urbe tão primitiva. Inresolvida e pretenciosa, como a sinto eu.
Dura forma de sobreviver, dormindo enrrolado em mantas, ao lado de garrafas-vazias-de-noites embrulhadas-de-sonhos-incompletos.
Afinal nada aconteceu como previas!
Entornou-se o copo, ficaste descalço depois do baile, a máscara estalou e adormeceste debaixo do alpendre da Louis Vuiton.
Somos penumbras nesta realidade adormecida.
Um dia vou criar uma cidade, deitada na terra, com árvores entrelaçadas, e hortas e pomares nas açoteias.
E depois, marco encontro contigo na Rua dos Vergéis. E tomamos café de saco, sentados diante da fogueira, na avenida que se quiz da liberdade. Ao pé da Tranquilidade.......