Páginas

11 novembro 2010

O furto da Mala que tinha Ursinhos de Peluche

Hoje de manhãzinha, naquela hora dos sentidos todos despertos, com aquele ar fresco a bater na cara e a máquina das fotografias pendurada ao pescoço, distraída de tudo menos da luz optima, aquela luz que provoca, que eu ando sempre à procura, num ápice......2 minutos? talvez 3? deitaram-me a mão à mala dos Ursinhos de Peluche e levaram-me as coisas que me ligavam a esta realidade.
Fiquei paralisada. Não percebi o que tinha acontecido. Ou percebi sem entender.....ou não entendi nem percebi. Foi a sensação de uma paulada na cabeça. Um parar no tempo. Um « ainda agora era de outra maneira!». «Ainda agora nada disto tinha acontecido!»
É tudo o que basta para poder ficar quieta, parada entre duas realidades. Agora e antes-de-agora.
Falamos tantas vezes do "antes-de-ontem"! Pois o que senti foi que fiquei no "antes-de-agora". E não é bom!
A manhã continuou a nascer. A brisa fresca  a agitar as árvores na rua Vasco da Gama. Uma senhora saiu de casa em fato de treino para passear os cães. E a minha Mala dos Ursinhos de Peluche que continha, entre os documentos e os cartões dos bancos e os óculos de leitura o meu livrinho de notas cinzento, com o ano de 2009 e 2010 rabiscado de sons, de palavras mudas, de bilhetes de Delvaux e Dali,  de lamentos e alguns comentários a desamores de ontem, antes-de-ontem e do ano todo, continha duas fotografias dos meninos, vestidos de bibe aos quadradinhos vermelhos e com o nome bordado na lapela, no primeiro dia do infantário. Pois foi!!!
Fui roubada das provas. Fui roubada das minhas evidências. Roubaram-me,  sem saber.
Estou triste até hoje. Vou dar mais atenção às manhãs limpas com luz de madrugada.
Alguma vez irei descobrir o ladrão que rouba malas de Ursinhos de Peluche in dis cri mi na da men te!