Sou uma contemplativa. Os sentidos são a velatura da minha realidade!
Vou voltar a dar importância às coisas consideradas insignificantes, infantis.Os rabiscos das paredes. Imaginar que os papeis caídos no chão, são recados entre amigos. Ou maravilhosas declarações de amor imaturo, que nunca lidos por distracção.
Tenho andado à procura de um grilo que continua a cantar, apesar da chuva de outono. Passo devagar e paro. Ele cala-se. Não quer que o encontre....acho que foi assim que aconteceu, há uns anos atrás. Não me disseste. Para eu não saber.
Dói-me....
Vou voltar a dar importância às coisas indecifraveis, às coisas pequeninas, que não se podem ver à primeira, e às vezes, também não se vêem à segunda....a cor do céu, hoje, por exemplo. Às algas que o mar trouxe até ao meu caminho matinal de beira mar.
Tinha saudades dos detalhes. Ver, como quem anda em passos pequenos!
Como se tivesse em memoria, um registo em "mensagens guardadas".
Vou assumir, outra vez, prometo, a irresponsabilidade ao olhar.....recuperar as cores primárias, os cheiros subtis e os sinais ilegiveís. E deixar-me pensar: Não me ralo!!!!!!
Continuo à procura do esconderijo do grilo, que canta no outono, sem se importar se é no outono o seu tempo de cantar.
Ando a assumir este sabor das luzes, ao amanhecer. Dos cheiros das santolinas e das lavandas, à hora em que somos ainda vultos, mal definidos....como os recém chegados. Os recém nascidos. Os recém amados...
Mas por favor:
Não me digas, dessa forma tão educada, que me amaste em segredo!!!
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